Entre o abraço e o limite, o pai escreve o caminho do ser.

A psicanálise nos convida a olhar para os laços que nos constituem. Nessa coluna, abrimos espaço para pensar afetos, ausências, presenças e o que nos faz humanos. Hoje, Dia dos Pais, volto o olhar para essa função tão essencial.

Ser pai vai muito além de um papel biológico. Na psicanálise, o pai é esse terceiro que atravessa o vínculo inicial entre mãe e bebê, abrindo uma fenda por onde o mundo entra. Ele é presença que dá nome, que marca limites, que anuncia: “há vida lá fora”.

Mas ser pai não é ser perfeito, nem ter todas as respostas. O pai é humano. É na sua imperfeição que a criança aprende que o amor cabe na falta e que os laços se constroem não na ausência de falhas, mas na disposição de estar. A função paterna não se prende ao gênero ou ao sangue: é esse gesto de introduzir o outro ao desejo, de dizer “vai, existe, o mundo te espera”.

No Dia dos Pais, celebramos não só os homens que receberam esse título, mas todos que exercem essa função simbólica: aqueles que sustentam, nomeiam, que se tornam referência e abrigo. É um convite para olhar para essa presença – às vezes silenciosa, às vezes ruidosa – que nos ajuda a ser quem somos.

Porque pai, no fundo, é verbo: é ato de marcar, de sustentar, de deixar ir.

Por Alessandra Buzzo

Psicanalista

Picture of Alessandra Buzzo

Alessandra Buzzo

Abrir bate-papo
Olá! Como posso ajudar?