Algumas relações são tão fusionadas que um não reconhece o outro como um indivíduo e sim como parte de si mesmo. E uma das causas de isso acontecer é o medo do abandono: se o outro é reconhecido como outro, e não parte deste sujeito, ele passa a ter medo de ser abandonado.
Na ilusão de ser um só, tem-se a ilusão de dominar o outro, onde um é extensão do outro, naquilo que Freud chamou de relação por identificação.
Quando o outro é exatamente aquilo que a gente queria que ele fosse, a gente está se relacionando com a nossa própria imagem, e não com o outro, porque ninguém é exatamente como a gente gostaria que fosse (nem a gente é como a gente gostaria de ser)…
Parafraseando Ana Suy, “se dois vivem como um, alguém deixou de existir”.
Se alguém deixou de existir, muito em breve o desejo também deixará de existir.
É preciso quebrar o ideal e olhar o outro real, com todos os seus furos. A chance de se ter uma relação de verdade é muito maior!
Alessandra Buzzo
Psicanalista